04/06/2012

A garota...

         A dor que sentia já não era agonizante. Aprendera a viver com ela. Os dias passavam, algo a incomodava. Mas não era dor, nem raiva. Apenas, distanciamento. Cada vez, achava-se mais longe. Queria retornar para aquele dia em que tudo era tão caloroso e aconchegante. Sentia falta dos sorrisos e dos gestos, dos olhares e palavras. Queria e precisava de amor e nada que dissessem a ela iria mudar isso.
         Durante 80 anos, buscou por ele. A esperança já havia se esgotado, abandonou-a. Sem felicidade, sem raiva, sem companheirismo. A única que não a largava era a solidão, mas, apesar dessa ser sua fiel companheira, ela já estava a ponto de procurar a morte.
         Foi então que encontrou o amor. Ele estava cansado, todos o queriam. A felicidade não o largava. A garota estranhou: “Como alguém pode cansar de ser feliz?”. Ele respondeu que não era da felicidade que estava cansado, mas de apaixonar-se sempre, a todo instante. Tão inconstante. Ela o apresentou a solidão.
         Por incrível que pareça, continuou sozinha. Quem encontrou o amor foi sua companheira. A garota entendeu que ela era a persistência, a teimosia e a coragem em uma só. Era três. Era o amor a seu próprio modo. Reparou que 80 anos haviam passado para que ela entendesse que o amor está em tudo. Que amar vem de dentro. Se você está disposto a amar, o amor te encontra nos lugares menos esperados. 

Um comentário:

Críticas sempre são bem vindas.