21/04/2013

Esta noite...

Esta noite vou chorar. Vou chorar um pouquinho por mim, um pouquinho por ti. Vou chorar por ter acabado, mesmo sem ter começado. Vou chorar por você ir. Talvez eu chore um pouquinho por não ter visto sua chegada, nem ter visto você passando, nem vi suas malas. Vou chorar por todos os que foram, todos os amores passados, que nunca voltarão. Vou chorar por nós dois, pelos meus sonhos e, também, pelos pesadelos. Vou chorar por amar demais, mesmo quem não me ama, mesmo quem nunca me amou e nunca vai amar. Vou chorar por te querer em silêncio, te querer calada, te querer sozinha. Vou chorar por te querer e ponto. Vou chorar baixinho para ninguém ouvir. Vou chorar um pouquinho, pois de noite não tem luz. Vou chorar um pouquinho sem ninguém saber. Vou chorar um pouquinho para rir depois.

14/04/2013

A Sociedade

"Faça isso."; "Não faça assim."; "Pode falar."; "É melhor ficar calado."; "Vai, se joga."; "É melhor esperar um tempo."; "Quantos dias?"; "Ah, não sei.... espera até que a pessoa faça primeiro.". Regras, regras e mais regras. Quem inventou todas elas? Temos mesmo que obedecer todas elas? São tantas. Ninguém se importa realmente com o sentimento, só se estiver de acordo com as regras. Ele não vai gostar dela, não se ela for procurar por ele. Ela não vai gostar dele, muito isso ou aquilo. Não podemos chegar neles. Eles não podem chegar chegando. Ela procura alguém que seja aprovado. Ele procura alguém que siga regras. Eles procuram pessoas, mas não sabem o que eles procuram nelas. Paixão é impulsiva, mas só funciona se refrearmos todos os impulsos; silenciar, mesmo que a vontade seja falar; ficar, mesmo que a vontade seja ir; neutralizar, mesmo que a vontade seja sorrir. Nada de inércia, nada de nada. Somos repreendidos, basta pisar na linha. Cada um deve obedecer os limites impostos. Ninguém pode fugir, burlar o sistema, ser livre. Não, amar deixou de ser algo que liberta. Não somos o que queremos, somos aquilo que querem que sejamos. Somos eles, não nós. São as regras deles, não as nossas. São eles os felizes. A nossa felicidade pouco importa. Siga as regras, só assim eles nos deixarão sorrir.

03/04/2013

Poema do Desespero

Não consigo falar com você.
Eu engasgo.
Eu tusso.
Eu suo nas mãos.
Eu congelo.
Se você soubesse como eu quero...
Eu tento.
Eu olho.
Eu vejo.
Mas você não vê.
Não como eu vejo.
Não como eu olho pra você.
Eu finjo.
Eu piro.
Me jogo.
Eu giro.
Eu fujo.
Te deixo.
Amanhã, eu tento.
Um dia desses, você cansa.
Me deixa.
Eu surto.
Eu choro.
Eu oro.
Te peço de volta.
Entro em luto.
Por você e por mim.
A história que nunca teve fim.

02/04/2013

A verdade...

Ela queria mudar, queria ganhar, queria ter. Ela queria ser mimada, queria poder. Ela não tinha coragem, não tinha amor, nem coração. A vida, para ela, passava em vão. Solitária, viveu até morrer. No seu enterro, ninguém foi, foi sem querer. A verdade é que ninguém sabia, ninguém sentia, ninguém lembrava. A menina solitária do apartamento 11 não deixava que ninguém se aproximasse. No fundo, era mais frágil do que o pote de vidro, que era seu único bem e para que ninguém deixara.