21/05/2012

Engraçado...

        Tem gente que entra na nossa vida sem hora e sem razão. Sem ao menos perguntar se poderia. Eles não apresentam a ID, esqueceram o passaporte, não tem visto. Infelizmente, não conseguimos mandá-los embora, dizer para voltar de onde vieram ou para seguir viagem. É difícil definir qual a ligação que temos com essas pessoas porque é instantâneo; acontece.
         No entanto, assim como surgem, desaparecem. Na mesma velocidade, sem tempo para despedidas ou adaptação. Eles deixam você lidar com a situação sem palavras de apoio. Tão necessários e tão inconstantes; espíritos livres são difíceis de prender. E mesmo que você os tenha, eles nunca estarão por inteiro. São como pássaros: pousam, mas foram feitos para voar.

Enfim...

Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." - Raposa.
As pessoas mudam. Eu mudei, eles mudaram. Mas, nesse momento, eu te odeio por mudar também.

09/05/2012

Rio abaixo...

A raiva só aumenta. São milhões de sentimentos há muito resguardados. Porém, não existe nada que os faça parar de crescer. Eles querem liberdade e assim a procuram. Como quem cava um túnel, eles tentam abrir espaço entre todo aquele emaranhado de coisas que não fazem mais sentido, não se sabe de onde vieram, nem porque continuam ali. 

Nessa hora, ela dá-se conta do que está acontecendo, mas é tarde demais para lutar contra aquela explosão de emoções. Ela tenta, em um momento de desespero, fazer com que nada transpareça. Sua última alternativa. Infelizmente, não houve tempo o suficiente. Ela desaba sobre os joelhos e chora. Até formar um rio. 

Um trovão ecoa de sua garganta. Ninguém precisa perguntar, todos sabem o que vem a seguir: a raiva. A fúria que faz com que o rio se transforme em onda e essa, por sua vez, afasta qualquer chance de proximidade. Todos assistem à cena de longe. 

Por fim, a serenidade reina. As lágrimas cessam. Não há mais contra quem, ou o que, lutar. Todos os motivos de tantos anos de privação de sentimentos foram embora junto com a enxurrada. Resta apenas o melhor dos sentimentos: a felicidade. Sem definição, sem razão, sem prazo. Ela se estende como um manto e a protege de todo o mal. Pelo menos, naquele instante, ela não sente dor, nem solidão. 

Ela senta, ergue a cabeça e sorri. Percebe que existem muitas razões pelas quais vale a pena continuar lutando. Enquanto o resto se desfaz em pó.

03/05/2012

Ela cansou de tantas desventuras: queria e podia muito mais. Não se despediu, preferia não dizer adeus. Procurava um novo horizonte, mas descobriu que esse era o mesmo independente do lugar: uma linha que cruzava o céu, outra linha que cruzava o mar. Descobriu, muito tarde para retroceder, que não importava aonde fosse, mas sim quem com ela estava. Quis voltar, fechou os olhos uma última vez e pôs-se a acordar.

01/05/2012