27/08/2012

Já não adianta...

Já não adianta dizer que sinto sua falta. Afinal, hoje, nem lembrança sou.
Era ouvidos,
Era segredos,
Segurança.
Hoje, nada sou.
Não sou olhos,
Não sou boca,
Me calo em meio a multidões.

23/08/2012

Reações

Gosto das reações mais singelas: aquele sorriso ao lembrar de alguém, as lágrimas choradas ao assistir a um filme, o suspiro dos apaixonados. São elas que realmente contam, por serem totalmente espontâneas. Apesar das gargalhadas soarem tão bem, o que importa é o sorriso que fica depois do momento de euforia. Se todos percebessem a importância das pequenas reações. O roçar de peles, a vontade de tocar, os olhos que, perdidos, ficam em dúvida entre lábios e olhos. Aquele olhar de canto que só os mais atentos entendem, geralmente, os melhor amigos. As mãos que suam frio, a perna que treme, as unhas roídas. Os olhos fechados, o aperto do abraço, a calma. São elas que nos definem, são elas as menosprezadas. Voto em prol das pequenas reações. É delas que sentimos falta no final do dia deitados em nossas camas, e não da parte material. Pouco importa se foi por computador, por celular ou por correspondência, o que importa é a mensagem, as palavras ditas, o que você sentiu ao ser surpreendido. 

22/08/2012

Libertè

A temperatura está perfeita. O sol brilha lá fora. E nós aqui dentro. Estamos trancados. Estancados. Eles dizem "viva a liberdade". Qual liberdade? Não podemos falar o que pensamos, somos julgados pelo que vestimos, classificados pelas nossas qualidades e defeitos. Nos amam e nos odeiam sem nem nos conhecer. Presos entre quatro paredes transparentes, como vidro. Expostos como quadros, mas sem conteúdo.

18/08/2012

A lista

Ela escrevia a lista de convidados para seu aniversário. Colocou o nome de Maria, de Antônia e de Gabriela. Lembrou-se dos colegas. Repassou um por um em sua mente. De vinte, escreveu três. Voltou a pensar nos amigos próximos. Abriu sua página na rede social e procurou, nas mensagens, os destinatários Os primeiros que apareceram já estavam na lista. Depois deles, uma série de conversas aleatórias com pessoas que nem lembrava quem eram. Chegou às conversas mais antigas. Lendo os nomes, não conseguia acreditar que havia esquecidos deles. Pegou a caneta, mas não a encostou no papel. Recordou que se tratavam de amizades já desfeitas. Não sabia, dessas pessoas, mais nada senão o nome. Onde estavam? Que faziam? Quem, afinal, eram elas? De confidentes à estranhos. Lágrimas rolaram rosto abaixo. Lembrou-se dos bons momentos que passaram juntos, dos segredos, dos risos. Queria ter tido mais tempo com eles. Queria abrir a janela do chat e falar um "Quanto tempo!?", mas eles tampouco a procuraram e isso a incomodava. Sabia que, no fundo, não fizeram por mal. As pessoas se afastam, os interesses mudam. Só que isso não diminui a dor da perda. Foi então que se deu conta: mais difícil que fazer um amigo, é mantê-lo. O mundo está cheio de pessoas dispostas a conhecer outras pessoas. No entanto, nem todos deixam marcas. Tanto fazia para ela se eles ainda sabiam seu nome. Por outro lado, eles sempre ocupariam um espaço no seu coração. A lista? Jogou fora. Decidiu que mandaria um e-mail para todos os seus contatos, os interessados que aparecessem, mas tinha certeza de alguns nomes que confirmariam presença. 

As flores

Flor florida floreira floreiros floreios floreados sob o sol quente de um mês conhecido pelo desgosto, Agosto, que surpreendeu a todos com tanta beleza e encanto, as flores.

14/08/2012

Lições?

Deixe-me contar uma história para vocês. Por forças maiores, me inscrevi na auto-escola. Das seis e meia da tarde (noite, afinal ainda estamos no inverno) às dez, doze dias, estamos falando das aulas teóricas. As aulas começavam em uma quarta. Todos distantes, aparentemente dormindo, cada um com seus próprios problemas. Pouco importava quem era o colega que sentava ao lado. Assim foi até sexta, que contou com aproximadamente dez alunos de trinta. Segunda todos voltaram com gás, comentário aqui, comentário ali, risos. No intervalo, poucos ousavam trocar alguma palavra, aquele medo do desconhecido. A semana foi passando, a quantidade de comentários foi aumentando e, proporcionalmente, os risos. Foi então que aconteceu. Devo isso ao Bib's, obrigada. A conversa, de início, era espaça, com longos períodos de silêncio. Aos poucos, a quantidade de assunto aumentou. Hoje, onze dias depois do primeiro, lamento que vá acabar amanhã. Não tanto pelo conteúdo das aulas, mas pelas pessoas que conheci. Talvez os laços não perdurem, mas espero, de coração, que sim. Se não, ao menos terei ótimas lembranças do que poderia ter sido um martírio (para todos nós, acredito). Miss simpatia, Cláudia, Monitor da turma da soneca e a Guria do cobertor. Apelidos que ficaram gravados para sempre. Se, por ventura, eu esquecer, vou poder recordar ao olhar esse post, que dedico a nós e a todos os outros colegas. Ah! Se beber, não dirija. E, se não tiver carteira, evite a blitz (hahaha). - R.