30/06/2013

Se eu não fosse tão minha.

Talvez, se eu não fosse tão minha, seria sua. Se não fossem as minhas manias, os meus medos, os meus apelos. Decidi, faz pouco tempo, te excluir da minha vida. Foi uma decisão difícil, mas que precisava ser tomada. Estabeleci um plano: cinco. Cinco dias sem procurar, sem falar, sem pensar. Quando eu chegasse no cinco, tudo voltaria a fazer sentido. Infelizmente, o cinco nunca chega. E, a cada tentativa falha, sou obrigada a recomeçar a contagem do início. É um esforço contínuo, um sofrimento imposto a mim mesma, mas eu realmente acredito no resultado. Isso é o que importa. No fim dos cinco, seremos tão nossos, que não haverá espaço para você em mim; não haverá espaço para mim em você. Seremos passado, mesmo sem nunca conjugar o futuro.

19/06/2013

De todos, o mais fácil de escrever, o mais difícil de se ler.


De todos os amores, o mais apaixonado. De todas as paixões, o mais fácil de esquecer. Um paradoxo. Um mistério. O tempo. A experiência. De todos que deveriam ir, aquele que podia ficar. De todos que ela gostou, o mais difícil de deixar. Uma mistura de sentimentos. Um furacão. Uma tormenta. Nem todo texto faz sentido. Nem todo amor é definido. Se pudesse voltar atrás, seguiria para frente. Se pudesse seguir em frente, voltaria dois segundos a trás. O abraço. O beijo. Um alô. Um adeus. De todas as despedidas, a que mais a fez chorar. 

11/06/2013

Tortura

Não se sabe se era amor, ódio ou indiferença. Soava como tortura, fosse a forma que tivesse. Nada era claro, apesar de incolor. Talvez fosse isso, a falta de tons. Perdida nesse mundo inóspito, não tinha lugar que a fizesse ficar. Percorria ruas escuras, becos fétidos e avenidas repletas de letreiros néon. Se um dia a tivessem amado, talvez soubesse distinguir a dor. Mesmo assim, soava como tortura, soava como algo nunca correspondido. Não se sabe, mas devia ser amor.

02/06/2013

Adoro uma reunião de condomínio.

As pessoas esqueceram a simplicidade do veraneio. Elas não querem mais uma casa cheia de gente e reunião nos finais de semana. Não querem rede, cachorros, família ou amigos. Esses só nas reuniões de domingo na cidade. Praia é pra se curtir sozinho. Essa parece ser a nova filosofia de vida. Comprar um cubículo, um apartamento minúsculo, viver rodado de vizinhos que você não sabe nem o nome em prol de uma vista ridícula de pequena é muito mais atraente. Quem quer casa com pátio!? E o trabalho que dá: cortar grama, varrer a casa, limpar os pés com a Mangueira pra tirar o sal e a areia. Bobagem. As pessoas odeiam isso. Elas odeiam o cheiro da grama cortada, odeiam curtir a casa, odeiam espaços que as lembrem o quão solitárias essas pessoas são. Elas querem viver em espaços pequenos, sozinhas, mas sem se sentirem solitárias. Casa é bobagem. Bom mesmo é um apartamento na praia. Aquele bando de arranha-céu. Bom é. Praia com sombra, sem luz, com vento, com calor causado pelo asfalto. Bom é progresso, bom é ter que sair da paraia às três da tarde por não ter mais sol na beira. Como eu amo progresso. Como são lindos aqueles prédios iguais das praias. Todos de lajotinhas e com seus trinta e tantos andares. Casa é ridículo. Casa é desnecessário: muito grande, muito incômodo, muito solitário. Gosto é de vizinho pra reclamar do rádio no domingo. Gosto é de gente, mas não me importo em saber o nome deles. Adoro uma reunião de condomínio.