09/05/2012

Rio abaixo...

A raiva só aumenta. São milhões de sentimentos há muito resguardados. Porém, não existe nada que os faça parar de crescer. Eles querem liberdade e assim a procuram. Como quem cava um túnel, eles tentam abrir espaço entre todo aquele emaranhado de coisas que não fazem mais sentido, não se sabe de onde vieram, nem porque continuam ali. 

Nessa hora, ela dá-se conta do que está acontecendo, mas é tarde demais para lutar contra aquela explosão de emoções. Ela tenta, em um momento de desespero, fazer com que nada transpareça. Sua última alternativa. Infelizmente, não houve tempo o suficiente. Ela desaba sobre os joelhos e chora. Até formar um rio. 

Um trovão ecoa de sua garganta. Ninguém precisa perguntar, todos sabem o que vem a seguir: a raiva. A fúria que faz com que o rio se transforme em onda e essa, por sua vez, afasta qualquer chance de proximidade. Todos assistem à cena de longe. 

Por fim, a serenidade reina. As lágrimas cessam. Não há mais contra quem, ou o que, lutar. Todos os motivos de tantos anos de privação de sentimentos foram embora junto com a enxurrada. Resta apenas o melhor dos sentimentos: a felicidade. Sem definição, sem razão, sem prazo. Ela se estende como um manto e a protege de todo o mal. Pelo menos, naquele instante, ela não sente dor, nem solidão. 

Ela senta, ergue a cabeça e sorri. Percebe que existem muitas razões pelas quais vale a pena continuar lutando. Enquanto o resto se desfaz em pó.

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