A dor que sentia já não era agonizante. Aprendera a viver
com ela. Os dias passavam, algo a incomodava. Mas não era dor,
nem raiva. Apenas, distanciamento. Cada vez, achava-se mais longe. Queria
retornar para aquele dia em que tudo era tão caloroso e aconchegante. Sentia
falta dos sorrisos e dos gestos, dos olhares e palavras. Queria e precisava de
amor e nada que dissessem a ela iria mudar isso.
Durante 80 anos, buscou por ele. A esperança já havia se
esgotado, abandonou-a. Sem felicidade, sem raiva, sem companheirismo. A única
que não a largava era a solidão, mas, apesar dessa ser sua fiel companheira, ela já
estava a ponto de procurar a morte.
Foi então que encontrou o amor. Ele estava cansado, todos o
queriam. A felicidade não o largava. A garota estranhou: “Como alguém pode
cansar de ser feliz?”. Ele respondeu que não era da felicidade que estava
cansado, mas de apaixonar-se sempre, a todo instante. Tão inconstante. Ela o
apresentou a solidão.
Por incrível que pareça, continuou sozinha. Quem
encontrou o amor foi sua companheira. A garota entendeu que ela era a
persistência, a teimosia e a coragem em uma só. Era três. Era o amor a seu
próprio modo. Reparou que 80 anos haviam passado para que ela entendesse que o
amor está em tudo. Que amar vem de dentro. Se você está disposto a amar, o amor
te encontra nos lugares menos esperados.
Só não marquei excelente porque não tinha essa opção aqui.
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